sábado, 19 de novembro de 2011

SANGUE LATINO

Liberta tua consciência, liberta teu corpo...
Livre é aquele que faz de si o que deseja de si...
Fazer a si mesmo é a mais sublime e terrível das artes
Por isso desejo não ser eu todos os dias
Começo pela desconstrução, porque em parte o que chegou de mim até aqui
Foram coisas que também não desejei

Desejo mais de mim, e não poderia ser diferente
Como num velho comercial
Desejo ser sempre mais de 'mim', em 'mim' mesmo...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Viver é muito perigoso" (Parte I)

Comentário à frase do personagem Riobaldo.
(Riobaldo; in Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa)



Viver é muito perigoso...
Se esta afirmação fosse atribuída à realidade do mundo animal não veríamos, de parte alguma, grandes objeções. Todos, mais ou menos, concordam: a vida no mundo animal é um perigo. É, em certo sentido, um estar exposto.
No mundo animal, os momentos de tranquilidade são alternados, ou melhor, integrados a uma atividade de vigília constante. Para cumprir esta finalidade e preservar ao máximo sua existência, os animais laçam mão de uma série de recursos e artifícios. A agressividade constitui, sobretudo, um dos instrumentos fundamentais para a preservação de sua integridade e sobrevivência.
Porém, o humano, com seus “pactos”, “contratos” e “convenções” ‘parece’ ter criado um mundo de tranquilidade. “O oceano da tranquilidade”. Será? Nesse aparente mundo ou mundo das aparências, supõe-se não existir mais a necessidade de o homem manter a vigília constante, sua agressividade. Nesse mundo, a preservação do indivíduo virou função do Estado. Os mecanismos de camuflagem, de atração e ataque foram supostamente abandonados, e substituídos pelos “instintos” de solidariedade, de fraternidade, ambos característicos da sociedade moderna. Será?
Contudo, essa tranqüilidade, suposta condição de uma humanidade superior e evoluída, constitui, quando muito uma máscara, persona a serviço da hipocrisia , da inautenticidade; promovida por um ideal de homem que nega sua corporeidade em troca de uma crença niilista, já denunciada por outros.
A própria realidade humana, a esfera humana, a antroposfera engendra em muitos momentos disputas tão acirradas quanto àquelas típicas do universo animal. Aliás, somente no mundo humano é que algumas disputas adquirem requintes de crueldade gratuita.
Mas manter a aparência este é o lema. Os homens, as instituições, religiões, entre outros. Tudo parece estar organizado para esta estranha finalidade: manter as aparências. O cinismo, num sentido precário; a hipocrisia, num sentido geral, sustentam essa “aparente tranqüilidade”.
Riobaldo, personagem do romance GRANDE SERTÃO: VEREDAS de Guimarães Rosa, repete continuamente a frase: “viver é muito perigoso”. Ora ele essa frase é expressa como uma questão, ora como uma exclamação. Viver autenticamente é muito difícil; de fato, muito perigoso.
Não obstante, a mentira possa ser um bom tempero para a tranqüilidade.
Homens como Riobaldo, apartados da sociedade em virtude de sua condição marginal, parecem viver, no entanto, para além dos limites daquela tranqüilidade, a beira do precipício, numa condição de exposição verdadeira, derradeira condição humana. Onde viver é, de fato, muito perigoso. No limite das condições humanas o homem aparece sempre mais autêntico. Porém, essa autenticidade cobra um preço, visto que, nessa condição de absoluta precariedade e fragilidade, a vida demonstre estar sempre por um fio. Esse é o preço cobrado: a consciência plena de si, de sua frágil condição de vivente, do seu “estar ai”. Assim, o homem simples expressando-se também de maneira muito simples perscruta o profundo da condição humana, “a morte sempre iminente”.
Nos limites de suas condições, o homem sempre encontra consigo mesmo, e em si mesmo a oportunidade para uma reflexão profunda sobre sua realidade. É na dura vida de jagunço, percorrendo os sertões mais inóspitos, mais secos que ele encontra a oportunidade para maravilhar-se, para espantar-se diante de si e descobrir o homem...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Minhas musicas preferidas



Eu me perdi na melodia das musicas que ouvi
Como se chamam as coisas do passado que ainda nos falam coisas?
Velhas?
Não seriam velhas as coisas que perderam a capacidade de nos provocar?
De nos comunicar?
De nos dizer algo?
Ou ainda de nos calar


O silencio...

Virei as costas para tudo que não me fala
Tudo que não me cala...
Sou vagabundo,
Sou errante, sou torto


Sou onda vagando por ai,
Acordes dissonantes
Sonho, sono e inconsciência


Nas melodias sou sempre eu; mas do avesso
Do outro lado sou assim, sou outro...
Tudo vem a tona, quando me perco na melodia
Das minhas canções, das minhas musicas preferidas

terça-feira, 19 de julho de 2011

Tenho um segredo

Não mergulhe fundo, meu cavalheiro
Você pode não emergir
Porque lá no fundo há um castelo
Cercado por um fosso
Este é o meu segredo...
[antes, despe-te de tua armadura]

Não atravesse essa ponte, homem.
Porque do outro lado destes muros há uma cidade
Minha cidade é labirinto.
Você pode se perder
Este é o meu segredo...
[antes, esquece-te de teus combates]

Não suba naquela torre, garoto.
De lá, não há como voltar
Este é o meu segredo...
[antes, abandona teus brinquedos]

[agarra-te somente a teus sonhos], criança.
E vive para sempre, dentro de mim
Este é o meu segredo...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Nietzsche, o Gato

Somos moderninhos...? Não sei...
Chega de telhados...;
Agora ando, vagueio no ciberespaço...
M@sssssss........
Deixe a porta entre-aberta...
Este é o meu sinal...
Ainda não sei se devo entrar...
[Minha senhora quererá...?]
Talvez uma luz acesa...?
As vezes sou como Nietzsche, o Gato.
Vagabundo, sorrateiro, curioso e brincalhão.
Quando você menos esperar..
Entrarei lá...
Estarei lá..., brincando com você de 'mea'.
Me enroscando ao trançar as suas pernas...
Ou lambendo meus pelinhos...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Um dia desses....

Um dia desses saí de casa, nunca mais voltei...
Fui comprar cigarros...
Um dia desses deitei na cama e nunca mais acordei...
Sonhei...
Dia desses nunca mais parti...
Nem voltei
Nesses dias não era eu, mas...
Nem eu...
Uma coisa estranha morrer...
Mas, mais estranho mesmo é...
Nos descobrirmos
Dia desses... 
Outro....
De repente.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Fecha-se um ciclo....

Ola meus caros
Hoje, lamentavelmente, fechou-se um ciclo em minha vida.
Foi um período em que vivenciei muitas experiencias, algumas más e, felizmente, muitas outras muito boas...
Gostaria de agradecer aqueles que me acompanharam nesse trecho de vida...
Foram muitas as lições; mas realmente só em momentos como esses, de final de ciclo, que de fato, somos capazes de avaliar...
Bem, ainda não há o distanciamento necessário para uma profunda, uma radical avaliação; mas creio que a emoção do momento também pode ser um ótimo combustível para a reflexão.
Diante disto, eis a primeira lição: Ouça mais, fale menos.... rsrs 
Parece clichê; mas o pior é que funciona...

sábado, 25 de junho de 2011

O mundo gira ao meu redor?

O mundo gira ao meu redor?
O homem não é a medida de todas as coisas?
Mas todas as coisas não fluem constantemente?
Eu sou fruição?
Eu sou eu ou meus pensamentos?
Mas pensar e ser não é o mesmo?
Meus pensamentos fazem o mundo girar?
Meus pés estão fixos no chão?
E minha cabeça, solta no ar?
O mundo gira, passa e flui...
Como meu pensamento
Eu mesmo como...
Eu giro...
Eu não...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Às vezes, à noite, meu braço fica em uma posição que me incomoda [ a doçura de seu rosto me comove], permaneço impassível, não me movo, não o movo. 
Porque me aflige ainda mais a ideia de que você sofrerá com a ausência do meu calor. 

sábado, 28 de maio de 2011

As duas margens do rio


Hoje dia 28 de maio de 2011, acompanhei meus alunos da Faculdade numa feira estudantil; já estive numa destas feiras em outras ocasiões; porém com turmas do ensino médio. Ao que parece a feira era especificamente direcionada aos estudantes secundaristas em final de ciclo, tinha como finalidade servir de guia, de orientação para os alunos na escolha de suas futuras carreiras, bem como das instituições de ensino superior.
Nos últimos anos, ao que parece, a feira deu uma leve guinada a fim de ampliar seu público e introduziu em suas exposições empresas e atividades direcionadas para estudantes que não pretendem necessariamente trilhar o caminho dos cursos universitários; mas, sobre tudo, trilhar desde o final de sua formação no segundo grau uma carreira profissional, particularmente, as carreiras no serviço público.
As palestras deste modo centram-se, principalmente na orientação da escolha de cursos e profissões.
Ou seja, o objetivo da feira consiste em colocar os jovens em contato com instituições, na sua grande maioria particulares, que oferecem este tipo de serviço (cursinhos preparatórios para concursos, e as já tradicionais faculdades e universidades).
Bem, o fato é, a feira não se destina a estudantes universitários, como faz parecer a propaganda em seu site oficial: Publico alvo: O evento é direcionado ao público jovem: estudantes do ensino médio, técnico e superior.[1] (a não ser na parte que diz respeito aos cursos preparatórios para concursos públicos) Ela apresenta na maior parte de seus stands propagandas de instituições privadas tentando atrair novos alunos, ou quem sabe “roubar alguns alunos das concorrentes”; enfim, é uma feira de propaganda (onde algumas instituições podem apresentar para seu público alvo seus “produtos”).
Até aqui sem problemas.
Nosso problema seria o seguinte: que havia “de fato” na feira, que fosse, particularmente, destinado a estudantes universitários? Sem desmerecer nenhuma das palestrar, nem nenhum dos palestrantes, a resposta é simples: NADA.
Evidentemente, assistir uma palestra é sempre enriquecedor; porém, creio que muito mais interessante e enriquecedor para estudantes universitários seja acompanhar palestras que tragam à luz resultados de pesquisas; de trabalhos desenvolvidos em outras instituições; o compartilhamento experiências vivenciadas em escolas (particularmente em nosso caso, curso de pedagogia). Em fim, palestras que tragam a baila tudo que esta sendo produzindo de “novo”, no campo do conhecimento humano, do conhecimento científico.
Ora, mas e quanto à iniciativa dos alunos de se organizarem por si só? E quanto ao desejo claramente desperto de conhecer, de buscar?
Quanto a esta atitude tenho que parabenizar. Parabenizar a aluna Marina pela organização, pela iniciativa, pela demonstração clara, evidente, pelo desejo de proporcionar a si própria e a seus colegas uma oportunidade que, no meu humilde modo de entender a vida universitária, deveria ser favorecido, incentivado e estimulado pela própria faculdade.
Parabenizar todos os alunos que se dispuseram a sair em um sábado e dedicar todo seu dia a aventura da busca por novos conhecimentos, na busca pela ampliação de seus horizontes.
Por outro lado também tenho o que lamentar.
Lamentar e ao mesmo tempo fazer um MEA CULPA. Pela falta de orientação, pela falta de envolvimento nas atividades, nos projetos e nos planos dos alunos. Sim, penso que uma instituição de ensino superior tem o dever de dar respaldo a iniciativas como estas. Aliás, a instituição não pode desamparar os alunos em momento algum, principalmente em momentos como estes em que os alunos demonstram iniciativa, desejo de conhecer. Uma atitude explicitamente proativa.
Contudo, tenho certeza que cada um saberá tirar seu proveito desta experiência.

Na outra margem do rio, gostaria de relatar uma rica experiência que eu e outros poucos alunos tivemos ao visitar o PAVILHÃO DA CULTURA BRASILEIRA (também fizemos uma rápida visita ao MUSEU AFRO BRASILEIRO).
Lá tivemos a oportunidade de fazer uma visita monitorada a algumas amostras. Estavam sendo expostas obras de dois artistas, sendo eles: Ronaldo Fraga, com a exposição: Rio são Francisco: navegado por; e Mônica Nador, com a exposição: COM-PARTI-LHADA , além, é claro, do material do acervo permanente do Pavilhão.
Foi uma experiência enriquecedora, com certeza; os alunos que tiveram a oportunidade de acompanhar o monitor puderam ouvir historias e lendas sobre o Velho Chico e seus habitantes, aliás, seus habitantes (os peixes) e os habitantes de sua margem, as várias comunidades, cidades e vilarejos cortadas, banhadas ou submersos por suas “mágicas águas”.
Tudo isso através da lente, também mágica, do artista plástico e estilista Ronaldo Fraga. Fomos convidados desde o inicio de nossa visita a embarcar no velho Vapor Benjamim Guimarães, construído em 1913, e ainda em operação nas águas do Velho Chico (embora hoje operando somente como embarcação turística). Desde a foz, onde o rio se encontra com o mar até sua nascente; como diz o próprio encarte ao embarcamos passeamos “pelas lendas, religiosidades, cheiros e sabores, musica e pelos costumes das cidades ribeirinhas, entre outros símbolos e características que são únicas ao São Francisco”. O rio se estende por um pedaço tão significativo de nosso país, que cruzá-lo, de uma ponta a outra, nos possibilita entrar em contato com uma parte significativa da diversidade cultural de nossa terra, de nossa gente.
Para alguns alunos, foi um reencontro com as origens. Para outros, foi o encontro com a diversidade cultural que identifica nosso povo; mas que muitas vezes permanece esquecida; outras, desconhecidas da grande maioria de nossos jovens.
Também foi a oportunidade para uma viagem mais profunda, para o interior do universo criativo do autor. Um momento de reflexão pode nos ajudar a perceber que tudo aquilo que vimos e ouvimos, enfim, experienciamos, como dissemos noutra parte, vimos, sentimos e ouvimos através do olhar sensível do artista.
Em O Chico morre no mar – descobrimos que as transformações, as degradações provocadas pelo homem estão transformando a natureza do Velho, diminuindo sua vazão, enfraquecendo sua força, matando sua vida.
Em O gosto que o Chico tem – conhecemos sua diversidade vegetal e animal, descobrimos também que esta diversidade, em função da degradação do rio, começa a declinar, a diminuir...
Conhecemos e descobrimos também as vestes dos antigos caixeiros viajantes, as memórias a devoção; vimos no mapa o traçado do rio, rasgando a terra como uma veia, ou melhor, como uma artéria. Ouvimos as vozes, as vestes, o fuxico. Enfim, fomos submersos nas águas desde sempre sagradas do Velho Chico; foi para os que estavam com seus espíritos dispostos e abertos um batismo. Fato que nos faz relembrar a antiga passagem de Heráclito que dizia: “num mesmo rio não se entra duas vezes”. Neste caso, nos permitimos uma reinterpretação: “do Velho Chico não se sai o mesmo”.

Vale ainda lembrar, para finalizar, a agradável companhia de um pequeno (capetinha), que sabia tudo do rio, das lendas e até de seu povo. Ao que parece sua professora, após uma visita a exposição, inspirada por ela, resolveu realizar atividades envolvendo os conhecimentos que havia adquirido na exposição em sua escola. Experiência que corrobora minhas convicções de que a visitas a museus, exposições artísticas e seus congêneres, enriquece não somente o universo simbólico das professoras e professores, mas, como consequencia de seus alunos também.



Obs.: este texto foi escrito de uma só tacada, de tal modo que não tive tempo de corrigi-lo ou verificá-lo, espero tenham paciência para lê-lo e que lhes possa ser de alguma forma proveitoso.
Msc.
Prof.: Jairo de Sousa Melo


[1] http://www.ciee.org.br/portal/hotsites/feiradoestudante11/estudantes/oevento.asp acesso em 28/5/2011 as 20:15 hs