segunda-feira, 7 de abril de 2014

Filosofia da ciência: conhecimento e opinião

Filosofia da ciência: conhecimento e opinião

A busca de compreensão da natureza do conhecimento é iniciada, no diálogo Teeteto, de Platão, por considerar as sensações (aparências) como fonte, o que é rechaçado pelo relativismo resultante. Em seguida, é empreendida uma distinção entre conhecimento, que é dotado de uma justificação racional, e opinião verdadeira, sem uma justificação racional. Essa justificação racional implica um sistema explicativo, “conjuntos de hipóteses unificadas e organizadas de acordo com princípios, compartilhados por uma comunidade de pesquisadores, os quais possibilitam a justificação racional de opiniões verdadeiras, bem como a previsão da ocorrência de eventos no mundo.”
Dessa forma, chega-se a uma caracterização provisória - operacional - de conhecimento: “crença verdadeira racionalmente justificada no interior de um sistema explicativo.” Provisória porque a justificativa racional exige outra justificativa racional, e assim ad infinitum.
            Na História da Filosofia Antiga e Moderna, uma característica é recorrente, a ideia de se evitar o preconceito – inclusive da opinião – e, por “maiêutica”, indução, intuição, método, associação de  ideias e outros recursos, encontrar o conhecimento, ora com o apoio dos sentidos, ora, do intelecto.
            Descartes, e outros racionalistas, apresenta como ponto de partida do conhecimento a intuição de ideias inatas, cuja clareza e distinção – bem como procedência divina - as tornam evidentes à razão, de inabalável verdade.
            O discurso científico, herdeiro dessa ideia cartesiana de produção metódica de conhecimento seguro, sobretudo o positivista, tradicionalmente aparece como alternativa ao conhecimento comum (sem justificação racional), numa relação de oposição e confronto. Alguns filósofos – minoria - rejeitam essa separação e enfatizam a contribuição do conhecimento comum ao pensamento filosófico e científico.

            A “caracterização operacional” do conhecimento, usada como recurso à falta de definição filosófica, indica certo descompasso entre os discursos filosófico e científico e as práticas cotidianas quando se tenta uma diferenciação entre “conhecimento” e “ mera opinião”, até porque é possível constatar aspectos compartilhados por ambos.