segunda-feira, 22 de julho de 2013

Popper e o caráter hipotético do conhecimento científico


Popper e o caráter hipotético do conhecimento científico

“Acredito que valeria a pena tentar aprender algo sobre o mundo, mesmo que, ao fazé-lo, descobríssemos apenas que não sabemos muita coisa. Esse estado de ignorância conhecida poderia ajudar-nos, em muitas das nossas dificuldades. Vale a pena lembrar que, embora haja uma vasta diferença entre nós no que respeita aos fragmentos que conhecemos, somos todos iguais no infinito da nossa ignorância.”[1] Karl Popper


Além de oferecer mais conhecimento sobre a realidade, a ciência tem propiciado o desenvolvimento tecnológico e a produção de equipamentos que facilitam o modo de vida humano. Isso porque corresponde à vontade humana de saber cada vez mais sobre o mundo. Sendo assim, ciência sempre existiu. Mas, sua definição e consequente modo de produção de conhecimento passaram por muitas variações.

Diante da diversidade de teorias, aquela que é aceita costuma apresentar vantagens sobre as demais concorrentes. O problema então é: qual teoria científica deve ser escolhida? Como escolher?

Karl Popper apresentou um critério de definição de ciência, uma teoria da pesquisa científica que viabiliza a escolha de um método; tal escolha remete ao critério de demarcação, ou seja, à possibilidade de se examinar a falseabilidade dos enunciados por meio de regras. Desse modo, um “cientista genuíno” deve ser antidogmático, pois, (...) “na busca da realidade, talvez seja melhor começar pela crítica das crenças mais enraizadas.” [2]

O critério que define ciência então é: a teoria científica deve ser passível de refutação; “para ser científica, uma teoria precisa ser criticável ou falsificável empiricamente – isto é, precisa ser uma teoria que possa ter sua falsidade atestada por evidências, testes empíricos (...), se um enunciado não for logicamente falsificável dessa maneira, não poderá ser considerado científico.”[3] Portanto, ciência não é sinônimo de certeza, o conhecimento científico pode e deve ser submetido a refutações por ser hipotético.

Convém observar que uma teoria não perde o estatuto de científica após ser refutada, por mais que pareça absurdo um enunciado - tendo sua falsidade constatada - ser considerado científico. O mesmo não ocorre no caso da tautologia, ou de enunciados que não podem ser testados. A verdade ou falsidade da teoria é menos importante do que a possibilidade de ser testada e refutada. Dessa maneira, Popper condena a visão positivista do conhecimento científico. Não há verdade absoluta, não há certeza na ciência, tudo pode ser refutado.

Mas, a forma lógica do enunciado não garante que seja refutável, pois, pode ser que nunca seja testado e, com isso, mantido. Muita vez o pesquisador protege sua teoria com unhas e dentes, utilizando estratagemas diversos, por exemplo, apresentando uma proposição ad hoc a uma refutação possível. No entanto, reiterando o critério popperiano, para preservar o estatuto de ciência – e evitar a postura positivista com “a ideia de que a verdade está situada além da autoridade humana”[4] – a teoria deve manter sua condição de refutável.

A fórmula da pesquisa científica compreende, então, dos seguintes passos: a um problema abordado (1), uma solução hipotética é apresentada (2); e, para que seja válida – provisoriamente – essa solução é submetida a testes constantes (3). Se tal solução não passar em algum teste, outra hipótese é apresentada.

Por exemplo, o modelo descritivo do sistema solar, da União Astronômica Internacional (UAI), considerou Plutão como sendo o nono planeta, desde que foi descoberto, em 1930. Hipótese que prevaleceu até 1996, quando houve uma redefinição do termo “planeta”, por conta de inúmeros objetos descobertos em observações, e Plutão passou, então, a ser tratado com um planeta anão, em virtude de suas características. Embora essa decisão seja aceita pela comunidade científica, há pesquisadores que pretendem encontrar evidências que permitam manter o estatuto de Plutão como planeta, o que é possível, considerando essa visão de ciência de Popper.

O desenvolvimento da ciência resultaria do processo de tentativa e erro; hipóteses são propostas como solução de um problema e, após serem refutadas, são substituídas por novas e melhores hipóteses, mais resistentes aos testes. “O critério de falsificabilidade foi originalmente preconizado como um definidor de ciência que, paralelamente, definiria também um modelo de escolha entre teorias.”[5] O método de definição de ciência e de escolha de teorias não se restringe ao universo da pesquisa, conforme sugere Popper no belíssimo texto : “As origens do conhecimento e da ignorância.”, é abrangente a todas as situações da vida humana, nas relações sociais, na política. Implica numa atitude mais humilde - e crítica - de abrir mão de convicções diante de argumentos melhores.




[1] POPPER, Karl: “As origens do conhecimento e da ignorância.” In: Conjecturas e Refutações. Trad. Sérgio Bath. 2ª ed. Brasília, Universidade de Brasília, 1982. (Pensamento Científico, 1) p. 57.
[2] Idem, p. 34.
[3] TASSINARI, Ricardo Pereira e GUTIERRE, Jézio Hernani Bomfim: “Falsificacionismo”.
[4] POPPER, p. 58.
[5] TASSINARI e GUTIERRE: “Falsificacionismo”.

quinta-feira, 27 de junho de 2013


Conduta moral e sociedade

A conduta moral implica em compromisso com obrigações estabelecidas socialmente. Não as obrigações legais, pois a moral regula muitas práticas que não são tratadas pelas leis ordinárias, mas as obrigações que dependem das relações sociais (na dimensão moral) como referência para definir quais são os interesses individuais aceitáveis.

As relações morais resultam da junção de exigências morais, expectativas morais, sentimentos morais e atitudes morais que, combinadas, caracterizam a conduta moral.

Faz parte da vida moral o “direito” de condenação moral, que ocorre quando há descumprimento de convenções sociais que determinam o que é conduta condenável; conduta condenável, vista como proibida, implica em ameaça de punição. A ameaça de punição é uma necessidade para se evitar a conduta moralmente errada, que é interessante – atraente ao infrator – por resultar em algum benefício individual. Paradoxalmente, a prática do mal é um bem para o indivíduo, pois é desejável, do contrário, se fosse “algo sem nenhuma qualidade desejável, ninguém iria querer fazê-lo”.

A conduta moral recomendável é instituída por convenção e guarda estreita relação com o “contrato” firmado pelos indivíduos na formação da sociedade política. O conhecimento da conduta moral implica na percepção das atitudes morais e das exigências morais. A exigência de consideração, que enseja as atitudes morais, compreende as crenças: no direito de ser respeitado, de que quem é punido deve entender sua punição por desrespeito e de que as atitudes e os sentimentos morais possibilitam ajustar a conduta moral. A legitimidade da exigência moral depende da legitimidade do direito, cujo é estabelecido discursivamente, conforme a ideia de “sentença performativa”, de Austin, pois, dizer que um indivíduo tem o direito à exigência moral é o mesmo que descrever uma realidade produzida pelo discurso. Portanto, o fundamento da exigência moral é um acordo de aceitação de direitos e deveres morais.

A exigência moral tem o objetivo prático de contribuir à organização da sociedade, à convivência pacífica e harmoniosa ao estipular parâmetros de conduta moral. Cabe salientar que a avaliação da conduta moral varia conforme a relação que há entre quem avalia e quem é avaliado. Mas, o importante é que a culpa implica em responsabilização do agente moral, tendo em vista a alteração de seu comportamento ou mentalidade no futuro; e, para ter o efeito esperado, a ameaça de punição deve ser acompanhada de punição efetiva quando necessário.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Que importância tem a arte para o ser humano?

Os românticos ingleses e alemães propuseram o conceito de autonomia da arte, ou seja, expressão livre da experiência humana, de acordo com os critérios de criatividade e originalidade. Essas ideias de originalidade e autonomia serviram de referência a gerações posteriores no questionamento da censura e de imposições de interesses alheios à experiência estética. Cabe observar que esse conceito de autonomia – na filosofia da arte – vale tanto para o processo de produção quanto de apreciação (crítica) da obra de arte; e que, para ser livre, independente, a arte não poderia ficar associada a critérios absolutos, a princípios pré-estabelecidos.

Posto isso, percebe-se que a arte possibilita o registro histórico das paixões humanas, do teísmo ou do ateísmo, das relações entre o ser humano e a natureza, das várias facetas da organização social, etc. Ou seja, a consideração estética - que consiste na atitude de contemplar o objeto (sua aparência) que, por sua vez, estimula a capacidade de concepção, apreensão; de modo que não se trata de mera percepção sensorial e sim de pensamento - possibilita um conhecimento sobre a experiência humana por intermédio do discurso que expressa o sentido humano da obra de arte.

A despeito da pretensão romântica, a arte já serviu de instrumento de manutenção do poder totalitário, por isso, já esteve bastante limitada. E esse é um indício da estreita ligação que há entre arte, sociedade e relações de poder.

As relações de poder no trabalho, na família, entre etnias, gêneros, etc., não raro encontram suporte no Estado para determinar a “realidade” para o indivíduo, que a assume sem questionar. Considerando que a produção artística é afetada pelas relações sociais e pela tecnologia, que contribui com os processos de produção e difusão da obra de arte, a arte pode, então, reproduzir – e assim reforçar – a visão de mundo, sob a tutela do poder político, do indivíduo, conforme esteja habituado a perceber por intermédio da “arte” consumida.

Mas, a arte também pode questionar o poder político que gera injustiça, fazendo valer – aparentemente – sua liberdade de expressão. A questão é que a arte – engajada - como um instrumento político revolucionário assume uma função que também limita a pretendida autonomia, por maior que seja o valor estético de sua produção, pois se torna também servil ao ficar atrelada a critérios alheios ao processo artístico.

Considerando a expressão “valor estético”, não sem esforço e concentração se percebe o quão descartável é a produção artística enquanto mercadoria, a serviço do lucro; quão sem sentido se torna, assim, outra vez, o conceito de autonomia. De forma conveniente os capitalistas inverteram o valor da atitude estética na relação entre arte e ócio na sociedade do consumo, da moda do efêmero. A experiência estética que se vende não estimula a capacidade de pensar e de conceber, pelo contrário, entorpece, aliena o público adestrado para panis et circencis.

A arte possibilita o exercício da humanidade. Na experiência estética o ser humano pode questionar essa sua condição humana ao pensar e sentir, estimulado pela apreciação da obra de arte. Basta dedicar um pouco de esforço e concentração para perceber a beleza por intermédio da atitude estética, que é o modo como se dá a relação entre o ato de apreensão e o objeto apreendido. Um aspecto que torna a atitude estética pouco popular é que interessa apenas a aparência momentânea das coisas e não as próprias coisas (realidade) – e suas funções – ou os sentimentos relacionados a essas coisas. Daí a ideia de que “a beleza é inútil, o que não quer dizer que não seja imprescindível.” (BARROS, M. B. “Da estética à filosofia da arte”) A experiência humana se torna edificante, enriquecedora, quando em contato com o belo, com seus “tesouros inestimáveis de beleza e sentido”. (BARROS, M. B. “Arte e Filosofia da arte no mundo contemporâneo”)

Ética: conhecimento e ação boa

Questões próprias ao estudo da ética – por exemplo, da relação entre consciência e responsabilidade - já apareceram nos textos do teatro clássico, mas, o tratamento teórico desse campo de estudo da filosofia teve início nos diálogos de Platão. Essas questões da ética na Antiguidade são uma referência ao estudo da ética sob um viés histórico, sobretudo considerando que foram apropriadas pela posteridade e abordaram problemas ainda atuais.

A despeito de uma tentativa de educar o jovem antigo com base nos modelos de comportamento de deuses e heróis, apresentados nas composições dos poetas do período arcaico, como Homero e Hesíodo, os gregos do século V a.C. vivenciaram na figura de Sócrates – protagonista nos diálogos aporéticos de Platão – um novo rumo no pensamento sobre a ética: o estudo da ação humana como critério de avaliação ética e a razão como meio de se estabelecer os paradigmas.

O que está em jogo na ética socrática dos diálogos é que o indivíduo deve ter controle das ações para que prevaleçam as ações boas, aquelas baseadas nas ideias. Para ter controle é preciso fazer valer a parte racional da alma (sobre a parte apetitiva), única capaz de distinguir verdade e aparência e orientar a ação, conforme o verdadeiro bem.

Embora haja dificuldade em se definir o “verdadeiro bem”, por conta da “aparente multiplicidade de bens”, é o conhecimento da verdade uma das formas perfeitas, das ideias, que possibilita a apresentação de um modelo ético platônico. Assim, considerando conhecer o bem como o conhecimento das ações boas, fica evidente a importância da educação para o conhecimento da verdade orientadora.

No modelo ético dos diálogos, o ser humano deve ser racional, buscar conhecimento, agir bem e, assim, viver bem.

sábado, 27 de abril de 2013

A FARSA DA DEFESA DA REDUÇÃO DA MAIOR IDADE PENAL PELO PSDB EM SP


OU SIMPLESMENTE “NÃO EXISTE AMOR EM SP, NEM EDUCAÇÃO”




A população carcerária em São Paulo em 1996 era constituída por aproximadamente 50 mil presos. Em 2007, essa população já havia chego a 153.274, um aumento de 146%. Nesse ano de 2013 a julgar pela média da progressão essa população pode estar ultrapassando os 250 mil. Desta população cerca de 60% é composta por pessoas jovens, entre 18 e 29 anos. Os mesmo 60% desta população possui somente o ensino fundamental.
Um cálculo simples nos dá conta que metade desta população estava em idade pré-escolar ou nos seus primeiros anos de estudo quando o PSDB assumiu o governo do estado de São Paulo em 1996. Em qualquer país sério (exceto EUA) essa seria a denúncia do fracasso educacional, do fracasso cultural, do fracasso de um partido que não tem, nem nunca teve um projeto de educação, um projeto de proteção da juventude, um projeto de nação.
Agora o governador Geraldo Alkmin aparece na TV, levantando a bandeira de uma punição mais severa para menores. Bandeira que não evidencia uma solução; mas, sobretudo o FRACASSO, o grande disparate no processo educativo, o fracasso na melhoria das condições de vida da juventude. Que deveria ter tido acesso à cultura, a uma educação de qualidade.
Todavia a grande mídia, a PIG, aceita e dissemina a vergonha do estado mais rico da federação como se essa fosse a grande solução, a solução definitiva para todos os nossos problemas.
Aumenta-se paulatinamente a população carcerária, porém, prossegue a cruzada da nossa sociedade rumo à barbárie. Os crimes violentos não cessam de surpreender, de chocar toda a população. Não tarda e nosso governador levantará a bandeira da pena de morte, se isso lhe parecer conveniente politicamente. Como se exterminar aqueles que não foram educados, aqueles que não foram “civilizados” fosse o mais brilhante dos recursos.
Noutro texto, outro dia, eu afirmava que vivíamos uma espécie de decadência espiritual (não no sentido religioso do termo). Essa decadência em parte é ratificada pela própria população que insiste em eleger políticos corruptos e um partido que obviamente fracassa na proteção dos jovens, na proteção das famílias, dos trabalhadores enfim do cidadão. Um partido que só tem a oferecer uma falácia como solução para todos os problemas.
Não se enganem, existe uma, e somente uma solução para a barbárie e ela se chama EDUCAÇÃO.
Que não se confunda ESCOLA com EDUCAÇÃO. Educação diz respeito a um projeto amplo de sociedade, diz respeito a um projeto ambicioso de construção de um futuro melhor que implique na inclusão SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICA de todas as pessoas.
DUVIDO sinceramente que esse seja o projeto do PSDB, duvido porque não vislumbro num horizonte próximo um tratamento digno desse partido para com os PROFESSORES, por exemplo.
Dois grupos são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa, de um país, de um estado ou cidade mais digna. Esse dois grupos são compostos pela JUVENTUDE e pelos PROFESSORES; porém, uns o governo insiste em mandar para trás das grades, os outros, insiste em humilhar e desvalorizar.
É lamentável.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A DECADÊNCIA DO POVO BRASILEIRO:

ou sobre igrejas, botecos e farmácias (parte I)



Três coisas principalmente se proliferam nas pequenas cidades e entorno das grandes cidades como sinal da doença e da decadência espiritual de um povo. São elas as “igrejas”, os “botecos” e as “farmácias”.
Para comprovar a decadência que aqui denuncio não é necessário postular uma tese, exercício de um intelectual, ou ainda, que seja posto em pratica uma investigação científica por algum catedrático; basta que um indivíduo qualquer, dotado minimamente de razão ou discernimento observe e analise com atenção o que acontece nas periferias e mesmo nas ruelas das grandes e pequenas cidades do nosso país.
Enquanto a Europa e todos os países desenvolvidos cada vez mais abandonam as crenças, superstições e religiões, nosso país, ao contrário, parece cada vez mais se aprofundar nas trevas das religiosidades, cultos e superstições que ainda hoje fazem ecoar os resquícios sombrios de um mundo medieval.
Parece que vivemos aqui um retrocesso.
Desde o século XVIII, se não antes para alguns países, a maior parte das nações ocidentais realizou um divórcio, que ‘parecia’ definitivo, entre Igreja e Estado. Todas essas conquistas estão agora sendo postas em risco na América Latina, e particularmente no Brasil.
Isto porque, entre outras coisas, as transformações sociais e econômicas apenas nos trouxeram a ilusão capitalista do sucesso pelo trabalho. O que é certo é que a divisão social e econômica em nosso país criou um abismo que, mesmo hoje com todas as mudanças, ainda é intransponível.
A evidência dessa condição gera desalento e falta de esperança no futuro. O desalento, a falta de esperança na melhoria das condições de vida torna-se o combustível para as crendices, superstições e religiosidades. Pois o que resta a um homem que não consegue ver saída para sua miserabilidade, para suas frustrações, problemas, e doenças, senão a conversão numa crença da salvação da alma. Ora se tudo aqui parece estar perdido, pensa o sujeito, porque não investir no que supostamente ainda me resta? A alma! Este sujeito acaba se tornando um alvo fácil para os “agiotas da salvação”. E assim avança e se ramifica nas periferias das grandes e pequenas cidades um sem numero de igrejas e casa de orações entre outros espaços para o culto da superstição e da devoção.
O homem perdido e sem esperança na vida cultua a esperança de uma outra vida, uma crença no além. Nega e renega seu direito de luta, de subversão da sociedade. Nega e renega sua existência positiva em favor de uma existência negativa, de uma existência no além. Desse modo, se aliena e se torna ainda mais um instrumento da escravidão econômica, visto que não fará frente, não se oporá a exploração promovida pelo sistema, haja vista todas as suas fichas estarem depositadas “num além vida”.
(...)

segunda-feira, 18 de março de 2013

Universidades federais finalmente expostas na Scientific American Brasil



http://adonaisantanna.blogspot.com.br/2013/01/universidades-federais-finalmente.html

Caro professor
Conheci seu trabalho há alguns anos quando pesquisava uma base para meu projeto de mestrado em filosofia da Ciência. Na ocasião, adquiri seu livro "O que é um axioma".
Sobre o artigo em questão, passei por uma experiência que me veio inteiramente a cabeça enquanto lia seu artigo.
Neste ano, me inscrevi para uma vaga como professor de Filosofia da Ciência (num curso de licenciatura em Filosofia) numa instituição particular de ensino superior, apresentei uma aula em que usava o experimento de Michelson e Morley como base para análise dos conceitos de experimento, ciência e  verdade científica, neste sentido havia um entrecruzamento, uma convergência de linhas filosóficas em que entrava em operação a noção semântica de verdade de Tarski.
Humildemente não sei se fiz uma boa apresentação.
Porém o que mais me chamou atenção foi o fato de que ao final de minha apresentação, umas das pessoas que me avaliavam ter perguntado: "e Platão? E Aristóteles? E a Filosofia?
Pareceu-me evidente, naquele momento, pelo teor da pergunta - que as pessoas não consideravam nenhuma relação entre o que eu havia apresentado  e a Filosofia da Ciência. Ainda mais, que tinham uma visão absolutamente ultrapassada do assunto (ela não questionava a falta de diálogo com a tradição filosófica). O que demonstra o abismo existente entre o que se ensina nas Instituições de Ensino Superior e o que se pesquisa em Filosofia da Ciência atual.
Neste sentido, pergunto ao senhor: se as instituições de ensino superior públicas estão defasadas em termos de atualidade do conhecimento em função da falta de qualidade individual dos professores, que dizer da instituições privadas?