É preciso estar atento.
Eis o perigo e eis o cenário da
luta a qual estamos expostos.
Nosso papel de educadores, neste
sentido, nos convoca a ter uma atitude altiva com relação ao enfrentamento e ao
combate das irracionalidades em suas várias vertentes e feições. _Da minha
parte a única coisa do campo dos instintos que reconheço e admito prevalecer
sobre os fatos e os dados da experiência é o amor, por que como diz Nietzsche,
só o amor está sempre além do bem e do mal. Excetuando essa situação
idiossincrática, o que muitas vezes não se percebe ao aceitar, ao tolerar o
discurso irracionalista como parte do jogo democrático é que em seu interior
subjaz a sombra do autoritarismo, da intolerância, do preconceito e
consequentemente o embrião de toda discriminação e exclusão social.
A má formação científica entre os
educadores tem sido apontada não raras vezes como uma das principais causas do
déficit educacional em nosso país. Segundo alguns especialistas, esta
deficiência é o que se revela nos baixos índices alcançados por nossos
estudantes em exames nacionais e internacionais de verificação do nível de
conhecimento (também se revela nos números alarmantes adeptos de teorias
conspiratórias que se espalham pelas redes sociais). Embora entrem em jogo
nessas avaliações outros aspectos sociais que não só a aprendizagem sistemática
é preciso admitir que esta deficiência na formação dos educadores possa ser sim
considerada um dos relevantes obstáculos ao desenvolvimento da educação e ao
enfrentamento dos problemas que nos cerca e relega nosso povo a um perpétuo
estado de subdesenvolvimento.
Obviamente, não é a educação nem
são os professores os principais ou os únicos responsáveis por esse estado de
coisas ou por sua absoluta resolução. Antes e, sobretudo, é preciso exigir uma
efetiva atuação do Estado na elaboração de politicas públicas que promovam as transformações
estruturais e substanciais necessárias (Entra as quais a melhoria dos salários
é sem sombra de dúvidas um fator preponderante). No entanto, não há como negar
o papel de protagonismo que está reservado à educação na superação das
desigualdades e do obscurantismo que solapam nossa sociedade ameaçando nossa
liberdade e nossa democracia.
É neste sentido que afirmo que
contra as crenças obscurantistas transfiguradas sob o signo da
"opinião" devemos opor a força iluminadora da razão, a análise criteriosa
e objetiva dos fatos e da realidade, o saber cético e crítico da ciência, da
razão e da reflexão radical e crítica.
Enfim, não podemos e não devemos
ser tolerantes com a intolerância mesmo aquelas transfiguradas numa aparentemente “inofensiva opinião”.
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