domingo, 24 de março de 2024

FILHAS

Para dizer em voz alta

O que eu gostaria de ter ouvido

Elas me fizeram pai

E, uma vez dito: eu, si, mim... escuto.

Eu grito! Eu causo

Surto...

Elas me refazem

Educador de si

Psiu..., Silêncio

De sim, de não

E digo, e, mim digo. Pai!?

Amor, afeto.

Só ouvir...

 

Qualquer não, não me corrige

Me traumatiza a civilização

De mim, tornar mais ou menos humano

Ser pai, resgata, invoca o meu ser filho, filhas

Que vez em quando o tom

Do meu equivocado afeto é dor

Onde bastaria um olhar atento

E um gesto, amor...

 

Mas elas...

Todos os dias me ensinam

Minhas filhas, uma lição

No decorrer duma trilha

Serem filhas de um pai castrado

E atado e castro

Me indago e sigo

Pai sem nunca ter tido?

Afeto como?

 

Diz o poeta: a alma humana é um abismo.

E eu lá do fundo, bem no fundo

Será por isso o grito!?

Então, ensino o que não aprendo?

Ardendo, ar prendo, só crendo

Aprendo?

Ensino?

Nasce um, filha? nasce um pai!

Sem pai, sem filha?

Não ouço nem grilo, nem eco

Ai de mim...

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